Inspirada nas antigas expressões “Além Linha” e “Além Ponte”, que delimitavam os confins de Sorocaba, a mostra “Além Lona”, no Sesc, amplia os horizontes ao propor que o circo ultrapasse seus próprios limites. Se no passado a cidade se expandiu para além de seus marcos, agora é a vez de a linguagem circense dialogar com urgências contemporâneas. A proposta reúne espetáculos que unem tradição e experimentação.
A curadoria aposta em números que mantêm a essência da mágica, do equilíbrio, da palhaçaria e dos aéreos, mas subvertem a narrativa tradicional. As montagens partem de temas como migração, ancestralidade e pertencimento, ressignificando a lona como espaço de discurso político e poético. Com isso, o circo se apresenta não apenas como entretenimento, mas também como ferramenta crítica.
A programação abre nesta quinta-feira (18), às 20 horas, com “Homens com solas de vento”, da Cia. Solas de Vento. O espetáculo cria uma alegoria sobre fronteiras e pertencimento ao narrar a história de dois viajantes retidos em uma aduana. Condenados a permanecer num limbo suspenso, eles reinventam sua vida apenas com o que carregam nas malas. A obra, classificada para maiores de 14 anos, tem lugares limitados.
Na sexta (19), no mesmo horário, será apresentado “Experimentos do invisível”, de Marcelo Moraes. Diferente das mágicas convencionais, o espetáculo funde ilusionismo e dramaturgia, transformando o truque em reflexão. A encenação mistura realidade e ficção, convocando o público a pensar sobre memória, ciência e tempo. Com classificação de 12 anos, o espetáculo também terá ingressos restritos.
A programação segue no sábado (20), também às 20 horas, com “Contos de cativeiro”, solo de Marcelo Marques, do Orum Aiyê Quilombo Cultural (GO). A obra conecta circo e oralidade ancestral. A performance se coloca como reparação simbólica e celebração da memória negra. No domingo (21), às 16 horas, encerra-se a mostra com “Pedra no sapato”, do Laguz Circo e Teatro Itinerante, com classificação livre.